04/11/2017

Resenha :: O Primeiro Último Beijo

novembro 04, 2017 0 Comentários



Não concordo quando dizem que não gostam de um livro por ele ser clichê ou ser mais do mesmo. O que importa é o livro ser bom, não importa se é triste ou engraçado (ou os dois), se tem um enredo totalmente surpreendente ou não, se é previsível ou não. O que importa é ele ser bom e mostrar para que veio da melhor maneira possível, nos fazendo rir ou chorar, ou nos levando a uma época ou a um lugar diferente de um modo que não seja forçado. O que importa é o livro transmitir os sentimentos dos personagens como se eles fossem nossos amigos, e não alguém qualquer que vamos esquecer assim que chegarmos à última página.

Qualquer livro pode ser triste, mas nem todo livro que dizem ser triste vai nos fazer chorar. Porque para ser bom precisa passar emoção o suficiente, transmitir sentimentos em cada capítulo, nos conectar com a história para que quando as lágrimas e os sorrisos vierem eles sejam reações naturais da leitura de uma obra que se conecta em nossa alma e em nosso coração, não só na nossa mente.

Por que estou falando isso? Simplesmente porque O primeiro último beijo é cheio de clichês. Mas é ruim por isso? Óbvio que não. Eu ri e chorei com ele, senti raiva dele e me apaixonei por ele, eu me apaixonei pelos seus personagens, e, principalmente, eu me apaixonei desesperadamente pelo Ryan. Sempre me apaixono pelo carinha, né? Mas o Ryan é um serzinho especial .
“Por que ninguém me avisou que cada beijo é uma contagem regressiva para o adeus? Só agora, que os trato como se fossem as coisas mais preciosas na face da Terra, percebo que cada beijo é como um grão de areia que escorrega por entre meus dedos e que não consigo segurar, por mais que eu tente. Como faço para deter as areias do tempo? Como posso fazer com que um beijo dure uma vida inteira?

Comecei a ler esse livro prevendo lágrimas, já que, se você parar para pensar, meio que dão spoiler na sinopse quando o comparam com Um dia P. S. Eu te amo, que são livros desidratantes. E a minha previsão estava correta, porque chorei horrores. Eu sei que sou uma manteiga derretida e choro fácil, mas sério... Eu meio que já sabia o que ia acontecer e mesmo assim chorei, chorei, chorei quando estava lendo; e chorei, chorei, chorei depois que terminei.

O livro é narrado em primeira pessoa pela protagonista Molly e no início eu não estava gostando muito do livro, não vou mentir, ele fica indo e vindo no tempo, em anos entre 1994 e 2012, e meio que cansa no começo porque parece confuso, mas depois que a leitura engata, fica até legal descobrir trechos da vida da Molly e do Ryan como se fosse um quebra-cabeça que vamos montando, com cada capítulo sendo uma peça encaixada. E cada capítulo é um beijo diferente: o beijo do remorso, o beijo desperdiçado, o beijo de boas-vindas, o beijo perdido, o beijo de saudade... Entre muitos outros que descrevem não o beijo físico, mas a emoção deles, entende? Descreve como cada beijo influencia a vida, os sentimentos que eles deixam.

No decorrer desses beijos conhecemos a Molly e o Ryan e sabemos como eles se conheceram na adolescência, como foi o pior primeiro beijo deles (tadinho do Ryan) e os vários outros beijos depois, e sabemos como se desenrola o relacionamento desses seres, que têm altos e baixos, mas que vai amadurecendo ao mesmo tempo em que os protagonistas vão amadurecendo e superando suas diferenças, enfrentando as surpresas que a vida tem, juntos.
"Aprendi que fazer concessões é o que une as pessoas. Ceder é partilhar e conciliar, é ser gentil, amoroso e altruísta. É abrir os braços para outra pessoa e dar um passo até o meio do caminho entre o que você quer e o que a outra pessoa deseja e sonha."

Molly é uma protagonista que eu quis dar tapas em boa parte do livro, porque ela não valorizava sempre o relacionamento que tinha com o Ryan. Ela era chata, irritante e imatura e, como se envolveu com o Ryan muito cedo, achou que se acomodou jovem demais, perdendo tudo o que planejado quando era adolescente. Ela dava mais valor ao que queria do que ao que tinha (como a maioria das pessoas que acha que a sua grama nunca está verde o suficiente). Mas depois de errar, a Molly amadurece e se torna uma mulher forte que lida com lutas diárias em nome do amor (isso soou meio brega, né?), e terminei o livro com 90% de mim achando que ela merecia o Ryan no final das contas (os outros 10% ainda tem raiva dela ).

Ryan é um protagonista que me apaixonei praticamente de cara. Que serzinho mais maravilhoso! Ele é carinhoso, é do tipo de cara que se importa, que apoia, que não desiste, que sabe o que quer, que dá valor à família e aos amigos, que não tem sonhos irreais. Ele quer viver perto de quem ama e não precisa rodar o mundo todo para descobrir isso, ele simplesmente sabe e valoriza isso. Enfim, ele é muitooo apaixonante e é perfeito de uma maneira não completamente perfeita, se é que isso faz sentido .

Os personagens secundários conseguiram me conquistar de certa forma e alguns me irritaram também, mas são bem construídos. Amo a família do Ryan, a relação que tem com o protagonista, como se amam, como se apoiam, como demonstram o carinho e amor um pelo outro. A família da Molly é diferente, mais silenciosa e menos calorosa, mas se mantém presente para apoiar e aconselhar sempre que podem. Cada uma é especial do seu jeito, assim como cada personagem é especial do seu jeito e cada beijo é único do seu jeito.
"Parem de fazer e comecem a ser. Sejam gentis um com o outro, sejam gratos um ao outro, sejam fiéis um ao outro. Não desperdicem seus beijos, nem um sequer. O futuro não está garantido para ninguém, portanto beijem até não poder mais, na rua, na frente de todos! Beijem como se cada beijo fosse o último. E depois salvem todos eles na memória, para que possam guardá-los para sempre."

O primeiro último beijo é um livro que nos faz refletir os nossos próprios relacionamentos, sobre como valorizamos quem amamos e quem nos ama, não apenas amor de namorados, mas também amor de família e amor de amigos. Acabamos lendo e imaginando quanto das nossas atitudes podem estar magoando alguém, e imaginando quanto tempo e quantos beijos estamos desperdiçando por não valorizarmos a vida que temos o suficiente. Então, vai lá chorar também lendo esse livro desidratante por mais clichê que seja. Até! 
“Vocês podem me fazer um favor? Quebre uma regra hoje, enlouqueça, viva o momento. Abra seu coração. Depois, abra mais um pouco. Ame muito, ame mais ainda. Não tenha medo de se expressar, de gritar, de ser ouvido. Diga EU TE AMO. Aposte todas as fichas. Aposte todas as fichas no amor.”

Nota :: 

Informações Técnicas do livro

O Primeiro Último Beijo
Ano: 2016
Páginas: 448
Idioma: Português
Editora: Verus
Sinopse (Skoob):
“O primeiro último beijo” conta a história de amor de Ryan e Molly, de como eles se encontraram e se perderam diversas vezes ao longo do caminho. Na primeira vez em que eles se beijaram, Molly soube que ficariam juntos para sempre. Seis anos e muitos beijos depois, ela está casada com o homem que ama. Mas hoje Molly percebe quantos beijos desperdiçou, porque o futuro lhes reserva algo que nenhum dos dois poderiam prever…
Esta história comovente, bem-humorada e profundamente tocante mostra que o amor pode ser enlouquecedor e frustrante, mas também sublime. Na mesma tradição de P.S. Eu Te amo e Um Dia, O Primeiro Último Beijo vai fazer você suspirar e derramar lágrimas com a mesma intensidade.

02/11/2017

Resenha :: Ode de Sangue

novembro 02, 2017 0 Comentários


Olá, vim escrever sobre Ode de sangue, até o momento livro único, faz com você não precise se preocupar com um livro anterior. Com o Halloween não tinha como fugir de um dos personagens mais marcantes da literatura e também das histórias de terror. Afinal falamos de um ser amaldiçoado preso entre o céu e o inferno em uma vida eterna enquanto morto.

A trama de Ode de Sangue trás algo um tanto quanto criativo para um tema já tão exaustivamente trabalhando na literatura. Primeiro vale ressaltar por ter como personagem central uma vampira, já antiga e que mesmo após vários séculos continua a busca pela salvação de sua alma e para isso vive em um monastério.

Porém todo caçador encontra em outro seu pior pesadelo, na balança de equilíbrio entre as forças entre o bem e o mal, mesmo uma terrível caçadora encontra seu dia de presa. E tal qual o condenado ante sua execução, ela faz um único pedido: o de poder contar sua história ao seu algoz Padre Cristiano. Nesse momento, eu tive a lembrança de uma frase, que diz:  "- os que são lembrados nunca deixam de existir". Talvez venha daí a necessidade de se escrever em diários, as autobiografias e até mesmo o contar a nossa história. Afinal nem só os vampiros prezam pela imortalidade, senão da matéria do nosso legado.

Narrado em primeira pessoa, Madalena fala um pouco de como era a Itália do séc. XVII, descreve suas dificuldades e suas paixões pela arte, leitura e música. Mesmo antiga, sua humanidade e amor pela raça humana apenas crescem, e é com esse pensamento que Madalena narra sua experiência enquanto mulher e religiosa. E nesse contexto é que realmente a história desse livro começa a ser contada.

Madalena - Nascida no século 17, na Itália um dos centros da cultura do mundo, na época e ainda hoje, filha caçula e entre os filhos a que mais fica fascinada pelas histórias e ensinamentos que sua mãe a transmitiu: a arte, leitura e música. E na busca por cada vez mais conhecimento ela conhece o homem que mudaria sua própria história.  Giovane - Um homem que trás vários mistérios na maneira de agir, com a pele muito pálida, cabelos loiros, lindos olhos, enfim um homem muito lindo.
"Ela é humana demais para uma vampira. Boa demais até mesmo para uma humana."

O encontro deles na biblioteca Angélica viria trazer a Madalena a fonte de tudo que ela sonhava em conhecer, enquanto arte, literatura e música, porém não lhe daria o amor que passou a acalentar por Giovane. Revoltada com essa rejeição ela decide ir para o lugar onde encontraria a paz que seu coração rejeitado ansiava e vai para o convento.

Nesse ponto da história voltamos ao ponto de partida entendendo e sofrendo com os fatos ocorridos dessa decisão de Madalena pela clausura e porque, apesar de tudo, continua ali anos a fio de sua imortalidade. Eu não posso entrar nos detalhes por motivo óbvios, mas posso garantir que possuem uma dose de drama e muitas reviravoltas até o encontro de Madalena e o Padre.
"Não há prazer em ser vampiro, somos amaldiçoados. Sem sol, sem prazer, dependendo dos humanos, o nosso único amor é o sangue. Viver da morte não é simples."

Durante a narrativa de Madalena, algumas observações do Padre nos lembram que o texto se trata de um diálogo. A narrativa toda é feita de uma forma leve e apaixonada pela personagem, que várias vezes se perde nos dias de suas lembranças. Gostei bastante das descrições da Itália da época apesar do cenário ser um tanto limitado. 

A linguagem do texto é para o leitor atual, condiz com uma vampira que fala no tempo em que vive, o hoje. Como se trata de um conto com 73 páginas não creio que uma escrita voltada para o tempo de nascimento dela faria nenhum sentido. Os diálogos são os que ela própria narra enquanto conta suas lembranças, então não cabe analisar de modo mais profundo. Sobre o final, posso adiantar que adorei o fechamento da história que a autora deu, tanto de fechamento quanto o modo que ela encontrou para fazer.

A capa está linda e mega condizente com a história (para mim conta muito isso), a revisão ficou ótima e se destaca positivamente por isso e a na diagramação e-book, posso dizer que não encontrei erros de diagramação como aquelas quebras de linhas e espaços que não deveriam existir. Enfim, nada que atrapalhe a leitura o que deixou a leitura do texto bem rápida. 

O livro é formato digital, pode ser adquirido no site da editora Essência Literária ou na Amazon.com.br lembrando que você pode ler gratuitamente pelo kindle unlimited.

Nota :: 

Informações Técnicas do livro

Ode de Sangue
Memórias Vampirescas
Ano: 2016
Páginas: 73
Sinopse (Skoob):
Com quase quatrocentos anos, a Vampira Madalena busca a salvação de sua alma vivendo e trabalhando dentro de um monastério católico. Diferente do que parecia natural, essa vampira está acostumada com a religião e seus símbolos. Foi apenas quando se depara com alguém de fé verdadeira que Madalena sente a maldição de sua raça arder sob a pele.
Colocada em uma situação de vida ou morte, ela apenas tem um pedido, que ela possa contar sua vida para alguém, para que sua existência como humana e seu despertar para o dom da noite não desapareça com sua morte. 
Narrado em primeira pessoa, Madalena fala um pouco de como era a Itália do séc. XVII, descreve suas dificuldades e suas paixões pela arte, leitura e música. Mesmo antiga, sua humanidade e amor pela raça humana apenas crescem, e é com esse pensamento que Madalena narra sua experiência enquanto mulher e religiosa.


Sobre a Autora
Nana Garces
Escritora, leitora, jogadora e resenhista. 
 Facebook: @autorananagarces 
 Twitter: @_nanagarces 
 Wattpad: @nanagarces

Florianopolitana, 31 anos, casada. Adora livros, filmes, séries e música. Escrever é um hobby que lhe ajuda a relaxar e concentrar as ideias que vivem surgindo. Nana Garces é seu pseudônimo, seu nome real é Mariana. Ela é jogadora assídua de RPG e os elementos e a mitologia ao entorno do jogo tem grande influência na sua escrita. Também conta com influências literárias como Anne Rice, Charlaine Harris dentre outros grandes nomes da literatura fantástica, Nana nos leva a viajar com sua escrita.

29/10/2017

Resenha :: Fábrica de Vespas

outubro 29, 2017 0 Comentários


Em “Fábrica de Vespas”, acompanhamos a vida de Frank, um adolescente de 16 anos, que mora em uma ilha na Escócia com seu pai e seu irmão Eric, e possui um único amigo: Jamie.

Desde o início da narrativa, feita pelo próprio Frank, vemos que o garoto é um tanto quanto excêntrico, cheio de rituais para lá de bizarros, crenças estranhas e que, como se não bastasse isso tudo, confessa já ter matado. Ele garante que essas mortes foram apenas uma fase de sua vida e, posteriormente, seus atos de violência passam a ser apenas contra os animais.
“Uma morte é sempre excitante, sempre faz com que você perceba quão vivo e vulnerável está, mas quão sortudo é. Mas a morte de alguém próximo também dá uma boa desculpa para que você fique um pouco doido por um tempo, e faça coisas que de outro modo seriam indesculpáveis.”

Eric, o irmão de Frank, está em um hospital psiquiátrico, mas logo no início da narrativa consegue escapar e por vezes faz ligações a Frank, que trazem uma pitada extra de insanidade ao livro. O adolescente tenta esconder de seu pai que Eric está chegando a todo custo, e mantém sua rotina de esquisitices.

A família de Frank é totalmente desestruturada, a mãe o abandonou após seu nascimento, o pai é obcecado com as medidas e volumes das coisas, além de manter uma parte da casa (que ele usa como escritório) trancada, e para coroar esse misto de excentricidades Frank nunca foi registrado e jamais frequentou a escola.

Frank descreve as mortes com bastante frieza, conta em detalhes como e quando as executou, além de suas motivações, ele tem certo orgulho de cada um de seus atos. Em um dos capítulos, Frank irá descrever a tal “Fábrica de Vespas” que dá título ao livro. O capítulo que aborda mais sobre a vida de Eric e os motivos que podem tê-lo ajudado nessa caminhada para a insanidade, foi bem perturbador, e conseguiu me deixar um tanto quanto enojada (Obrigada Iain Banks, isso é algo difícil de ocorrer!).
“Nossas vidas são símbolos. Tudo que fazemos é parte de um padrão que, pelo menos em partem decidimos. O forte cria o seu próprio padrão e influencia o de outras pessoas, o fraco tem seus caminhos traçados por alguém.”

O final do livro foi totalmente inesperado, realmente inacreditável, admito ainda estar pensando nele apesar de já ter finalizado a leitura há alguns dias. Não irei me alongar demais nas explicações aqui, afinal, não quero acabar com a leitura de ninguém, apenas deixá-los curiosos.

O livro foi publicado pela primeira vez em 2016 pela editora Darkside Books, com uma capa bem intrigante assim como o conteúdo, a diagramação está muito bem feita, o tamanho da fonte é confortável para leitura prolongada e as páginas são amareladas, dando um conforto extra, além da fita em cetim amarela para marcar as páginas. Não posso deixar de citar aqui que a editora deveria ter feito uma revisão melhor do texto, uma vez que existem alguns erros.

Apesar de uma ter narrativa um pouco arrastada em determinados pontos e uma narrativa nem pouco confiável (afinal, estamos falando de uma pessoa mentalmente desequilibrada), “Fábrica de Vespas” merece ser lido para que cada leitor tire suas próprias conclusões.

Nota :: 

Informações Técnicas do livro

Fábrica de Vespas
Ano: 2016
Páginas: 240
Editora: DarkSide Books
Sinopse (Skoob):
Frank – um garoto de 16 anos bastante incomum – vive com seu pai em um vilarejo afastado, em uma ilha escocesa. A vida deles, para dizer o mínimo, não é nada convencional. A mãe de Frank os abandonou anos atrás; Eric, seu irmão mais velho, está confinado em um hospital psiquiátrico; e seu pai é um excêntrico sem tamanho. Para aliviar suas angústias e frustrações, Frank começa a praticar estranhos atos de violência, criando bizarros rituais diários onde encontra algum alívio e consolo. Suas únicas tentativas de contato com o mundo exterior são Jamie, seu amigo anão, com quem bebe no pub local, e os animais que persegue ao redor da ilha.
Abandonado à própria sorte para observar a natureza e inventar sua própria teologia – a maneira do Robinson Crusoé de Daniel Defoe –, Frank desconhece a escola e o serviço social, já que seu pai acredita na educação “natural”, recomendada pelo filósofo do século XVIII Jean-Jacques Rousseau e apresentada em seu romance Emílio, ou Da Educação (1762), que sugere que as crianças devem crescer entre as belezas da natureza, permitindo que elas se deleitem com a flora e a fauna. A natureza humana seria boa a princípio, mas corrompida pela civilização. Quando descobre que Eric fugiu do hospital, Frank tem que preparar o terreno para o inevitável retorno de seu irmão – um acontecimento que implode os mistérios do passado e vai mudar a vida de Frank por completo.

27/10/2017

EU ASSISTI :: Lion – Uma Jornada para Casa

outubro 27, 2017 0 Comentários


Saroo é um jovem indiano de cinco anos, membro de uma família muito pobre. Mostrando-se forte desde o início, ele ajuda seu irmão mais velho em diversos trabalhos para levar alimento para casa. Em um desses trabalhos, eles vão parar na cidade de Calcutá. Como o trabalho era noturno, seu irmão pede para que ele fique esperando na estação e não saia de lá até que ele volte de sua busca por serviço. Saroo acaba ficando com sono e adormecendo dentro de um trem nessa mesma estação, e o que ele não imagina é que logo cedo esse trem dará partida.

Depois de enfrentar grandes desafios para sobreviver sozinho na rua, Saroo é descoberto por um rapaz em frente uma lanchonete e é levado à polícia local para tentar ajudá-lo a encontrar sua família. A polícia não tendo sucesso nessa busca, acaba deixando o menino em um abrigo e lá uma família de australianos acaba por adotá-lo.

Mesmo 25 anos depois de seu desaparecimento, 25 anos longe de sua família biológica, e sem saber ao certo onde morou, em qual estação se perdeu, Saroo nunca perdeu a esperança de que um dia tornaria a encontrar sua família.

Eu particularmente já gosto de filmes com essa temática. Posso nunca ter assistido ao filme, mas já vou achando excelente.

Lion foi indicado ao Oscar em seis categorias diferentes. Incluindo na de melhor filme. Quando você tem essas informações acaba que esperando muito do filme. Agora imagina no meu caso: o enredo do filme já me conquista logo de cara e esse mesmo filme é indicado ao Oscar como melhor filme... Pensa na expectativa que foi criada sobre o filme. Quebrei a cara? Não sei. Não consigo afirmar se gostei ou não.

O início do filme é bem promissor com o jovem Sunny Pawar (Saroo quando criança) dando um show de atuação. Se você é uma pessoa sensível já começa chorar com 5 minutos de filme. E o meu problema com o filme é bem aqui. A história é construída em duas partes: Saroo na fase de criança e na fase adulta. Eu amei o filme na parte que o Sarro é uma criança. Na primeira parte do filme. Depois que acontece a virada de tempo, as únicas coisas boas, na minha humildíssima opinião, são as atuações de: Dev Patel e Nicole Kidman, que estão sensacionais. E inclusive foram indicados como melhor ator coadjuvante e melhor atriz coadjuvante, respectivamente.

Temas como exploração infantil, tráfico de crianças e fome são mostrados na primeira parte do filme e são mostrados com maestria. Eu duvido você passar por essas cenas sem ficar tocado. Estou lamentando até agora de não terem mais espaço no filme a partir da segunda parte.

Uma única cena que gostei na segunda parte do filme é quando o Saroo está discutindo com a mãe adotiva e ela diz: “Eu poderia ter um filho com o seu pai. Foi uma escolha nossa não tê-lo. Para que colocar mais uma pessoa no mundo se tem milhares precisando de uma oportunidade e ninguém faz nada. Foi por isso que adotei você e seu irmão.” O que é uma pena uma obra como essa ter em sua segunda parte uma única cena que me agradasse.

Não vale a pena mencionar como ele conseguiu encontrar o povoado onde morava porque isso é uma opinião que você precisa formar vendo o filme. Eu me senti profundamente frustrado, pois tinha todo um método, toda uma criação que acabou ficando em vão.

Desculpe-me se não posso dizer se o filme é realmente bom. Mas peço que deem uma chance. E vale mencionar que é uma história real. Um bom filme à todos.

Confira o Trailer:


Informações Técnicas do Filme

Lion – Uma Jornada para Casa
Gêneros: Biografia, Drama, Aventura
Duração: 1h 58min
Distribuidor: Diamond Films
Elenco: Dev Patel, Rooney Mara, David Wenham, Nicole Kidman, Sunny Pawar...
Roteiro: Luke Davies
Baseado no livro autobiográfico do autor Saroo Brierley: Uma Longa Jornada Para Casa
Direção: Garth Davis
Sinopse (Adorocinema):
Quando tinha apenas cinco anos, o indiano Saroo (Dev Patel) se perdeu do irmão numa estação de trem de Calcutá e enfretou grandes desafios para sobreviver sozinho até de ser adotado por uma família australiana. Incapaz de superar o que aconteceu, aos 25 anos ele decide buscar uma forma de reencontrar sua família biológica.

Não recomendado para menores de 12 anos

25/10/2017

Resenha :: O Guardião

outubro 25, 2017 0 Comentários



“Eu ficaria arrasado se você nunca mais voltasse a ser feliz. Então, por favor, faça isso por mim. O mundo fica melhor quando você sorri.”

É verdade que tem quem torça o nariz para Nicholas Sparks, dizendo que todo livro tem aquela mesma fórmula e tal, mas a sinopse desse livro não mentiu.

Esse livro te prende pela expectativa. A personagem principal te encanta por sua história. Ela lida com quem teve um grande amor e perdeu. (A sinopse já disse que ele morreu). Porém você descobre que esse não foi o único problema na vida de Julie com que ela teve de lidar. 

Como lidar com a perda de um grande amor e de alguém que te ajudou a reconstruir toda a sua vida. Quanto tempo de luto é necessário para uma dor assim? Para Julie foram 4 anos. Hora de se levantar e mais uma vez reconstruir sua vida. E aceitar que talvez seja hora de amar novamente. E aí começam as complicações.
“Não era como se uma luz tivesse se acendido subitamente. Era mais como um alvorecer, quando, de uma maneira quase imperceptível, o sol fica cada vez mais claro até você perceber que a manhã chegou.”

Acho que a grande delícia da história é que até aqui você já se apegou ao cachorro, já está amiga de Julie e já torce pelo Mike. Ok, caí em todos os clichês prováveis e sinceramente, deliciosamente consciente e satisfeita com isso! Os encontros dela dão um toque de humor irresistível.
“Sempre se tem uma escolha. Só que algumas pessoas fazem a errada.”

Porém, antes de ficar chato o romance aparece na história: o sofisticado engenheiro Richard Franklin, que não poupa esforços para agradá-la. Mas sinceramente toda aquela perfeição é assustadora.
“Sei que nós queremos acreditar que esta é uma cidade pequena e pacata, e na maior parte do tempo é mesmo, mas coisas ruins também acontecem em lugares assim.”

A história começa a tomar rumos de suspense quando Julie é obrigada a tomar uma decisão e nem todas as pessoas sabem lidar com o “não”. Se você, lendo essa linhas já disse:     “Ahhh! Já vi tudo!!” Eu digo!! Leia mesmo assim!! É como aquele filme que você já viu antes, mas ainda te traz lágrimas.
“Há uma coisa que você deveria saber sobre a polícia. Ela é ótima quando se trata de roubo ou assassinato. É para isso que o sistema foi feito, para pegar pessoas depois do crime.”

E afinal quem é O Guardião de Julie? A resposta dessa pergunta vem junto com a parte do desfecho da decisão tomada por Julie. Eu sinceramente gostaria de um final diferente. Mas gostei do modo com o Nicholas Sparks conseguiu dar um final a cada personagem. Mesmo os não-vivos do livro. E aquela mensagem que amar novamente não significa desmerecer já ter amado antes. E que quem foi feliz não tem medo de recomeçar e ser feliz novamente!

Nota :: 

Informações Técnicas do livro

O Guardião
Ano: 2016
Páginas: 352
Editora: Arqueiro
Sinopse (Skoob):
Aos 25 anos, a doce Julie Barenson perdeu seu grande amor para uma doença impiedosa. Porém, ao partir, o marido lhe deixou dois presentes inesperados: um filhote de cão dinamarquês chamado Singer e a promessa de que cuidaria dela para sempre, onde quer que estivesse.
Quatro anos depois, Julie enfim está pronta para tentar amar de novo e se vê dividida entre Richard Franklin, um belo e sofisticado engenheiro que a trata como uma rainha, e Mike Harris, um mecânico gentil que – junto com Singer – tem sido seu melhor amigo desde que ficou sozinha. Ela tem que tomar uma decisão. Só não pode imaginar que, em vez de lhe trazer felicidade, essa escolha transformará sua vida num pesadelo causado por um ciúme tão doentio que está a um passo de se tornar criminoso.

O guardião contém tudo o que os leitores esperam de um romance de Nicholas Sparks, mas desta vez ele se reinventa e acrescenta um novo ingrediente à trama: páginas e mais páginas de muito suspense.

23/10/2017

Resenha :: As Mentiras de Locke Lamora (Nobres Vigaristas #1)

outubro 23, 2017 0 Comentários



“Não preciso de ninguém para me lembrar que estamos mergulhados em água escura até o pescoço. Só peço a vocês que se lembrem de que os malditos tubarões somos nós.”

No primeiro livro da série Nobres Vigaristas mergulhamos na cultura, crença e toda a superstição da cidade de Camorr e cidades vizinhas. Em um cenário que lembra um pouco uma mistura de Veneza medieval e renascentista (sério, é incrível assim), conhecemos a história de Locke Lamora, intercalada entre sua infância - de como ele chegou a gangue Nobres Vigaristas com seus golpes precoces e com consequências bem ruins para aqueles que cruzaram com ele - e a fase de Locke adulto, como o já então procurado Espinho de Camorr e um pouco mais cauteloso (o que não é muito se tratando de Locke Lamora rs).
- Pulga, Locke é nosso irmão e nosso amor por ele não tem limites – falou Calo.
- Mas as três palavras mais fatais de toda a língua Terim são “Locke teria apreciado”.
- Comparáveis apenas a: “Locke me ensinou um truque novo”  - emendou Galdo.
- A única pessoa que se safa com os golpes de Locke Lamora...
-... É Locke Lamora...
-... Porque nós achamos que os deuses o estão poupando para uma morte realmente grandiosa. Algo com facas e ferros incandescentes...
-... E cinquenta mil espectadores aplaudindo.
O que mais me agradou neste livro é a inteligência do personagem principal. Eu, particularmente, gosto de personagens inteligentes e Locke não me decepcionou nesse quesito e nem os seus Nobres Vigaristas: Jean, os irmãos Sanzas (Galdo e Calo) e o pequeno Pulga. Me encontrei em alguns momentos caindo no golpe deles, rsrs. Na verdade, todos, em certo ponto, caem no golpe deles. Enquanto eles roubam fortunas dos nobres, eles são vistos no submundo de Camorr como uma reles gangue; a menor e uma das menos lucrativas, quando na verdade são uma verdadeira gangue de elite, unida e muito bons no que fazem.

Tanto que, inicialmente, foram comprados pelos velhos concorrentes, com quem aprenderam até os pequenos nuances da arte do disfarce, da vigarice com a melhor instrução possível.
“Correntes costumava falar que não havia liberdade igual a de ser constantemente subestimado” – Locke
Apesar de ser um livro de fantasia, tirando sua excepcional esperteza, o diferencial deste livro é que Locke não tem nada de mágico e nada de um grande guerreiro, muito pelo contrário. Ele pode chegar a ser um desastre em uma briga, mas nada que o impeça de fazer o que for necessário para sobreviver no submundo de Cammor, onde as gangues imperam e quem manda em todas elas é o Capa Barsavi. Temos todo um universo de detalhes “políticos” nesse submundo, ao mesmo tempo em que se tem uma relação com a nobreza de Camorr. Outro ponto que é bem detalhado no livro são os lugares, mas o que não achei que chega a ser cansativo. Os grandes acontecimentos do livro demoram um pouco a aparecer, mas é algo que faz sentido, não é nada jogado ao acaso. A chegada do Rei Cinza e o envolvimento involuntário dos Nobres Vigaristas com ele foi muito bem elaborado, assim como a existência dos magos-servidores e das criaturas marinhas gigantes, o que realça o ponto da fantasia, mas não chega a ser exagerado (Sim, existir criaturas marinhas gigantes parece algo exagerado, mas juro que não é, rsrs). 

Esperto, vigarista e mentiroso, este é o protagonista. É um livro daqueles que fazem você pensar que está torcendo para o cara mau da história, rsrs, mas, se comparando com os vários personagens como o próprio Capa, o odiado Rei Cinza, e uma cidade cheia de ladrões e assassinos, Locke e sua gangue são relativamente bons. O que, por incrível que pareça, é uma grande coisa, rsrs.
- Eu só roubo porque minha querida família precisa do dinheiro para viver! – Locke Lamora fez essa afirmação com o copo de vinho erguido bem alto. (...) Os outros puseram a vaiar e entoaram em coro:
- Mentiroso!
- Eu só roubo porque este mundo cruel não permite que eu tenha um trabalho justo! – exclamou Calo, erguendo o próprio copo.
- MENTIROSO!
- Eu só roubo porque tenho que sustentar meu pobre irmão preguiçoso, cuja indolência partiu o coração de nossa mãe! – Galdo deu uma cotovelada em Calo;
- MENTIROSO!
- Eu só roubo porque estou convivendo temporariamente com maus elementos – disse Jean.
- MENTIROSO!
Por fim, o ritual chegou a Pulga, que ergueu o copo com um leve tremor e berrou:
- Eu só roubo porque é muito divertido, porra!
- VIGARISTA! 
As Mentiras de Locke Lamora é um livro muito bom, com ótima narrativa, divertido e com personagens encantadores. Onde tudo se encaixa e as pequenas coisas que não foram muito abordadas nessa história foram para aguçar a curiosidade para o segundo livro da série Nobres Vigaristas. Apesar de que a trama abordada nesse livro encerra-se nele, podemos continuar a acompanhar os personagens principais com uma nova aventura e novos golpes em Mares de Sangue (título do segundo livro).


Nota :: 

Informações Técnicas do livro

As Mentiras de Locke Lamora
Nobres Vigaristas #1
Ano: 2014
Páginas: 464
Tradução: Fernanda Abreu
Editora: Arqueiro
Sinopse (Skoob):
O Espinho é uma figura lendária: um espadachim imbatível, um especialista em roubos vultosos, um fantasma que atravessa paredes. Metade da excêntrica cidade de Camorr acredita que ele seja um defensor dos pobres, enquanto o restante o considera apenas uma invencionice ridícula.
Franzino, azarado no amor e sem nenhuma habilidade com a espada, Locke Lamora é o homem por trás do fabuloso Espinho, cujas façanhas alcançaram uma fama indesejada. Ele de fato rouba dos ricos (de quem mais valeria a pena roubar?), mas os pobres não veem nem a cor do dinheiro conquistado com os golpes, que vai todo para os bolsos de Locke e de seus comparsas: os Nobres Vigaristas.
O único lar do astuto grupo é o submundo da antiquíssima Camorr, que começa a ser assolado por um misterioso assassino com poder de superar até mesmo o Espinho. Matando líderes de gangues, ele instaura uma guerra clandestina e ameaça mergulhar a cidade em um banho de sangue. Preso em uma armadilha sinistra, Locke e seus amigos terão sua lealdade e inteligência testadas ao máximo e precisarão lutar para sobreviver.