Resenha :: O Primeiro Último Beijo
Clube do Farol
novembro 04, 2017
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Não concordo quando dizem que não gostam de um livro por ele ser clichê ou ser mais do mesmo. O que importa é o livro ser bom, não importa se é triste ou engraçado (ou os dois), se tem um enredo totalmente surpreendente ou não, se é previsível ou não. O que importa é ele ser bom e mostrar para que veio da melhor maneira possível, nos fazendo rir ou chorar, ou nos levando a uma época ou a um lugar diferente de um modo que não seja forçado. O que importa é o livro transmitir os sentimentos dos personagens como se eles fossem nossos amigos, e não alguém qualquer que vamos esquecer assim que chegarmos à última página.
Qualquer livro pode ser triste, mas nem todo livro que dizem ser triste vai nos fazer chorar. Porque para ser bom precisa passar emoção o suficiente, transmitir sentimentos em cada capítulo, nos conectar com a história para que quando as lágrimas e os sorrisos vierem eles sejam reações naturais da leitura de uma obra que se conecta em nossa alma e em nosso coração, não só na nossa mente.
Por que estou falando isso? Simplesmente porque O primeiro último beijo é cheio de clichês. Mas é ruim por isso? Óbvio que não. Eu ri e chorei com ele, senti raiva dele e me apaixonei por ele, eu me apaixonei pelos seus personagens, e, principalmente, eu me apaixonei desesperadamente pelo Ryan. Sempre me apaixono pelo carinha, né? Mas o Ryan é um serzinho especial .
“Por que ninguém me avisou que cada beijo é uma contagem regressiva para o adeus? Só agora, que os trato como se fossem as coisas mais preciosas na face da Terra, percebo que cada beijo é como um grão de areia que escorrega por entre meus dedos e que não consigo segurar, por mais que eu tente. Como faço para deter as areias do tempo? Como posso fazer com que um beijo dure uma vida inteira?
Comecei a ler esse livro prevendo lágrimas, já que, se você parar para pensar, meio que dão spoiler na sinopse quando o comparam com Um dia e P. S. Eu te amo, que são livros desidratantes. E a minha previsão estava correta, porque chorei horrores. Eu sei que sou uma manteiga derretida e choro fácil, mas sério... Eu meio que já sabia o que ia acontecer e mesmo assim chorei, chorei, chorei quando estava lendo; e chorei, chorei, chorei depois que terminei.
O livro é narrado em primeira pessoa pela protagonista Molly e no início eu não estava gostando muito do livro, não vou mentir, ele fica indo e vindo no tempo, em anos entre 1994 e 2012, e meio que cansa no começo porque parece confuso, mas depois que a leitura engata, fica até legal descobrir trechos da vida da Molly e do Ryan como se fosse um quebra-cabeça que vamos montando, com cada capítulo sendo uma peça encaixada. E cada capítulo é um beijo diferente: o beijo do remorso, o beijo desperdiçado, o beijo de boas-vindas, o beijo perdido, o beijo de saudade... Entre muitos outros que descrevem não o beijo físico, mas a emoção deles, entende? Descreve como cada beijo influencia a vida, os sentimentos que eles deixam.
No decorrer desses beijos conhecemos a Molly e o Ryan e sabemos como eles se conheceram na adolescência, como foi o pior primeiro beijo deles (tadinho do Ryan) e os vários outros beijos depois, e sabemos como se desenrola o relacionamento desses seres, que têm altos e baixos, mas que vai amadurecendo ao mesmo tempo em que os protagonistas vão amadurecendo e superando suas diferenças, enfrentando as surpresas que a vida tem, juntos.
"Aprendi que fazer concessões é o que une as pessoas. Ceder é partilhar e conciliar, é ser gentil, amoroso e altruísta. É abrir os braços para outra pessoa e dar um passo até o meio do caminho entre o que você quer e o que a outra pessoa deseja e sonha."
Molly é uma protagonista que eu quis dar tapas em boa parte do livro, porque ela não valorizava sempre o relacionamento que tinha com o Ryan. Ela era chata, irritante e imatura e, como se envolveu com o Ryan muito cedo, achou que se acomodou jovem demais, perdendo tudo o que planejado quando era adolescente. Ela dava mais valor ao que queria do que ao que tinha (como a maioria das pessoas que acha que a sua grama nunca está verde o suficiente). Mas depois de errar, a Molly amadurece e se torna uma mulher forte que lida com lutas diárias em nome do amor (isso soou meio brega, né?), e terminei o livro com 90% de mim achando que ela merecia o Ryan no final das contas (os outros 10% ainda tem raiva dela ).
Ryan é um protagonista que me apaixonei praticamente de cara. Que serzinho mais maravilhoso! Ele é carinhoso, é do tipo de cara que se importa, que apoia, que não desiste, que sabe o que quer, que dá valor à família e aos amigos, que não tem sonhos irreais. Ele quer viver perto de quem ama e não precisa rodar o mundo todo para descobrir isso, ele simplesmente sabe e valoriza isso. Enfim, ele é muitooo apaixonante e é perfeito de uma maneira não completamente perfeita, se é que isso faz sentido .
Os personagens secundários conseguiram me conquistar de certa forma e alguns me irritaram também, mas são bem construídos. Amo a família do Ryan, a relação que tem com o protagonista, como se amam, como se apoiam, como demonstram o carinho e amor um pelo outro. A família da Molly é diferente, mais silenciosa e menos calorosa, mas se mantém presente para apoiar e aconselhar sempre que podem. Cada uma é especial do seu jeito, assim como cada personagem é especial do seu jeito e cada beijo é único do seu jeito.
"Parem de fazer e comecem a ser. Sejam gentis um com o outro, sejam gratos um ao outro, sejam fiéis um ao outro. Não desperdicem seus beijos, nem um sequer. O futuro não está garantido para ninguém, portanto beijem até não poder mais, na rua, na frente de todos! Beijem como se cada beijo fosse o último. E depois salvem todos eles na memória, para que possam guardá-los para sempre."
O primeiro último beijo é um livro que nos faz refletir os nossos próprios relacionamentos, sobre como valorizamos quem amamos e quem nos ama, não apenas amor de namorados, mas também amor de família e amor de amigos. Acabamos lendo e imaginando quanto das nossas atitudes podem estar magoando alguém, e imaginando quanto tempo e quantos beijos estamos desperdiçando por não valorizarmos a vida que temos o suficiente. Então, vai lá chorar também lendo esse livro desidratante por mais clichê que seja. Até!
“Vocês podem me fazer um favor? Quebre uma regra hoje, enlouqueça, viva o momento. Abra seu coração. Depois, abra mais um pouco. Ame muito, ame mais ainda. Não tenha medo de se expressar, de gritar, de ser ouvido. Diga EU TE AMO. Aposte todas as fichas. Aposte todas as fichas no amor.”
Nota ::
Informações Técnicas do livro
O Primeiro Último Beijo
Ano: 2016
Páginas: 448
Idioma: Português
“O primeiro último beijo” conta a história de amor de Ryan e Molly, de como eles se encontraram e se perderam diversas vezes ao longo do caminho. Na primeira vez em que eles se beijaram, Molly soube que ficariam juntos para sempre. Seis anos e muitos beijos depois, ela está casada com o homem que ama. Mas hoje Molly percebe quantos beijos desperdiçou, porque o futuro lhes reserva algo que nenhum dos dois poderiam prever…
Esta história comovente, bem-humorada e profundamente tocante mostra que o amor pode ser enlouquecedor e frustrante, mas também sublime. Na mesma tradição de P.S. Eu Te amo e Um Dia, O Primeiro Último Beijo vai fazer você suspirar e derramar lágrimas com a mesma intensidade.